terça-feira, 7 de outubro de 2014

RECEITAS DE TV LEVA O FUTEBOL BRASILEIRO RUMO À "ESPANHOLIZAÇÃO"


Abismo entre as receitas dos clubes mais ricos do Brasil não para de crescer, diz estudo do Itaú BBA. Problema vem do repasse de receitas de TV


Francisco Loureiro
São Paulo (SP)
Flamengo x Corinthians (Foto: Bruno de Lima/LANCE!Press)
O futebol brasileiro caminha em passos largos em direção à ‘‘espanholização’’, e o principal motor desse processo é a distribuição das cotas de TV, segundo levantamento do Itaú BBA. O termo se refere à situação da Liga BBVA (Espanha), na qual Real Madrid e Barcelona abocanham 55% da receita total do campeonato e boa parte dos títulos nacionais.
No Brasil, o termo ganhou força a partir de 2011, quando a Rede Globo passou a negociar individualmente os contratos de TV e privilegiou os clubes com maior torcida, sobretudo Corinthians e Flamengo, que em 2013 receberam 20% de toda receita de TV do Brasil (R$ 213 milhões).
Para mostrar a concentração das receitas de TV no Campeonato Brasileiro, o Itaú BBA separou os 23 clubes com maior receita em quatro grupos que receberam valores similares da Rede Globo nos últimos anos, e a constatação é preocupante: o abismo só aumentou.
Em 2011, o Grupo 1, formado por São Paulo, Corinthians, Flamengo, Internacional e Atlético-MG tiveram receitas de R$ 980 milhões no total, R$ 257 milhões a mais do que recebeu o Grupo 2 (R$ 722 milhões), formado por Santos, Cruzeiro, Palmeiras, Grêmio e Vasco. Em apenas dois anos, essa distância dobrou, alcançando R$ 577 milhões.
Isto ocorre porque a emissora carioca aumentou o repasse ao Grupo 1 em um ritmo muito superior ao do visto pelo Grupo 2. Entre 2011 e 2013, o repasse ao primeiro escalão aumentou 43%, enquanto o segundo cresceu apenas 22%. A distância para o grupo formado por Botafogo, Fluminense, Coritiba, Atlético-PR e Bahia é ainda maior: de R$ 679 milhões, em 2011, para R$ 877 milhões em 2013. Na média, cada clube do primeiro escalão teve receitas de R$ 281 milhões, contra R$ 106 milhões do terceiro.
Essa distribuição de receitas de TV tem impacto direto nos resultados esportivos dos clubes, segundo o banco. Para efeito de comparação, só a diferença de receitas de TV de Corinthians (R$ 103 milhões) e Palmeiras (R$ 72 milhões) é suficiente para que o alvinegro tenha R$ 2,3 milhões a mais do que o rival por mês. O valor seria próximo do necessário para pagar o salário de três jogadores do nível de Alexandre Pato (R$ 800 mil mensais). Se comparado com o Internacional, décimo clube que mais recebe cotas de TV, a diferença é ainda pior: R$ 50 milhões por ano, ou 3,8 milhões mensais.
O abismo entre o clube que mais recebeu, Flamengo (R$ 110 milhões) e o que menos recebeu, Ponte Preta (R$ 19 milhões), é de 5,8 vezes. Para o banco, os clubes brasileiros deveriam mirar a Bundesliga alemã, onde o Bayern de Munique recebe apenas o dobro do clube pior colocado da liga, o Greuther Fürth.



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