Técnico do Botafogo-SP lamenta postura de alguns treinadores que ensinam garotos do Sub-15 a dar chutões para frente, ignorando aspectos técnicos e táticos
Por Cleber Akamine
Ribeirão Preto, SP
A solução para os problemas do futebol brasileiro vai além da escolha do próximo treinador ou dos erros na vexatória goleada por 7 a 1 diante da Alemanha. O problema do futebol brasileiro começa com a filosofia das categorias de base, da busca incessante pelo resultado, do treinador que orienta seus garotos do Sub-15 a dar chutões para frente. A análise é do técnico Alexandre Ferreira, que hoje comanda a equipe principal do Botafogo-SP, mas que levou o mesmo Tricolor ao título dos Jogos Abertos e Regionais, e conquistou o Paulista Sub-17 com o Olé Brasil.
Ferreira lamenta falta de investimento e pressão por títulos nas categorias de base (Foto: Rogério Moroti/Ag. Botafogo)
- Precisa ter um desenvolvimento maior nas categorias de base, que são as formadoras dos grandes atletas. É preciso investir no atleta e nos profissionais que ali atuam. Não tem algo mais triste do que participar de um jogo Sub-15 contra um time que fica do meio-campo para trás, dando chute para frente, e os jogadores vibrando com isso - comentou Ferreira, que não concentra todas as críticas em cima do treinador. A diretoria, responsável por dar sustento à comissão técnica, não dá tempo para o desenvolvimento de um trabalho a médio-longo prazo. Duas ou três derrotas são suficientes para colocar qualquer profissional na berlinda. Sem respaldo, os treinadores, passam a orientar os chutões, pensando primeiro no empate e depois na vitória.
- Temos que pensar. Na base, trabalhamos para desenvolver o atleta ou para conseguir o resultado? Para segurar técnicos e dirigentes? Esse assunto precisa ser discutido. Tem muitas coisas a discutir. Torço para encontrarmos soluções num futuro próximo. Andando por torneios e campeonatos, percebo que o investimento no jovem e no profissional é cada vez mais difícil. Isso virou uma grande bola de neve - declarou Ferreira, que se diz "sortudo".
Para o treinador, sua carreira ganhou consistência e foi sustentada pela diretoria botafoguense por causa dos três títulos conquistados recentemente. "Sorte que ganhei títulos", comentou. Caso contrário, Alexandre Ferreira acredita que poderia estar em outro clube ou desempregado.
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