segunda-feira, 28 de julho de 2014

FUTEBOL BRASILEIRO PRECISA URGENTE DE MUDANÇA NAS CATEGORIAS DE BASE

Derrota de 3 a 0 para a Holanda mostrou que o apagão contra a Alemanha não foi um acidente

Seleção brasielira foi derrotada pela Holanda / Vanderlei Almeida/AFPSeleção brasielira foi derrotada pela HolandaVanderlei Almeida/AFP
Depois de sofrer a maior humilhação da sua história com a goleada de 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo, o futebol brasileiro precisa mais do que nunca se reinventar, começando pelas categorias de base.

"A forma com a qual perdemos para a Alemanha não foi normal. Como outros países fizeram antes de nós, temos que rever muitos conceitos, sobre a organização do futebol, as nossas estruturas e a formação de jogadores", declarou à AFP o ex-jogador Raí, que participou da campanha do tetra em 1994.

Com a seleção mais vitoriosa da história, o Brasil ainda é considerado o país do futebol, mas mostrou nesta Copa que seu jogo está ultrapassado e não acompanhou as mudanças ocorridas nos outros países. A derrota de 3 a 0 para a Holanda no sábado, na disputa pelo terceiro lugar, mostrou que o 'apagão' contra a Alemanha não foi um simples acidente.

"Temos que ter a humildade de deixar de lado os cinco títulos mundiais e admitir que precisamos fazer uma revolução no nosso futebol. Precisamos de um tratamento de choque", avisou Eduardo Tega, diretor da Universidade do Futebol, que promove cursos de capacitação de profissionais do esporte.

"Todo mundo está dando muita ênfase no aspecto micro, o apagão que a seleção brasileira sofreu durante seis minutos (quatro gols dos 23 aos 29 minutos do primeiro tempo da semifinal), e ignora o macro, que é todo o processo a longo prazo realizado pela Alemanha para chegar no nível em que está hoje", explicou.

Resgatar o que tem de melhor

De acordo com Marcelo Lima, coordenador técnico das categorias de base do São Paulo, o futebol brasileiro deixou de ser referência e "parou no tempo".

"O mundo inteiro sempre copiou o futebol brasileiro. Na década de 70, a Holanda copiou o Brasil, atualizou, modernizou o estilo de jogo e encantou a todos na Copa de 1974. O futebol brasileiro sempre foi admirado, mas hoje está ultrapassado", lamentou.

"Tudo isso é uma bola de neve que só tende a aumentar. A seleção poderia ter vivido uma crise semelhante em 2002, mas não aconteceu porque o Brasil tinha talentos individuais fora de série. Está acontecendo agora porque a gente está parado desde 2002", enfatizou.

"Não temos que copiar o que está sendo feito nos outros países, temos que nos inspirar, aprender, e ao mesmo tempo resgatar o que tem de melhor no nosso futebol. Agora é o momento da mudança", concordou Eduardo Tega.

De acordo com o diretor da Universidade do Futebol, as categorias de base de muitos clubes brasileiros estão deixando de lado o talento natural dos jogadores para apostar na força física.

"Nas décadas de 60 e 70, o desenvolvimento das qualidades dos jogadores se fazia de forma muito espontânea. Jogava-se na rua, na praia, em campos de várzea. Hoje, com a expansão urbana, espaços naturais foram substituídos pelas estruturas rígidas dos clubes. Isso teve um grande impacto sobre a qualidade do nosso futebol. A habilidade criativa, que era a maior riqueza do nosso futebol, foi deixada de lado em prol de uma mecanização, uma robotização da formação dos jogadores", analisou.

Pressão por resultados imediatos

"Há muita gente boa nas categorias de base, mas o problema é a estrutura políticas dos clubes. A pressão é muito grande entre os profissionais da área, que precisam vencer campeonatos para se manter no cargo. Em alguns casos, o técnico do sub-13 chega a torcer pelo fracasso do colega do sub-15 para assumir o lugar dele. Por isso, muitas vezes priorizam o perfil físico ao invés da inteligência de jogo", lamentou.

"O maior problema é a ingerência política dentro das categorias de base. A dimensão técnica deveria ser a locomotiva, mas não é o caso", completou.

Já Marcelo Lima também aponta problemas na capacitação dos profissionais, que podem explicar carências táticas na formação dos jovens atletas.

"O Brasil tem um berço gigante para captação de talentos individuais, mas alguns aspectos táticos e estratégicos ficaram para trás", criticou.

Para ele, além de formar jogadores, os clubes precisam formar cidadãos.

"Com educação precária, com saúde precária no país, a gente acaba recebendo jogadores com muitas deficiências. Pouquíssimos clubes têm condições financeiras, físicas ou humanas para trabalhar em cima disso", lamentou.

"O atleta tem que ser muito bem formado para entender as questões táticas. Não começa apenas no sub-14, quando os atletas integram as categorias de base dos clubes, precisa começar nas escolinhas de futebol ou na própria escola. Os atletas vêm sendo muito mal formados no Brasil, diferentemente do que a gente pode observar na Alemanha ou na Bélgica. Lá eles têm consciência de que a escola é fundamental. Tudo isso se transfere para o futebol", resumiu Marcelo Lima.

A revolução do futebol brasileiro precisa começar no berço para que as próximas gerações possam ter chances de conquistar o hexa que escapou em casa nesta edição.

PROBLEMAS DO FUTEBOL BRASILEIRO NASCE NAS CATEGORIAS DE BASE


Técnico do Botafogo-SP lamenta postura de alguns treinadores que ensinam garotos do Sub-15 a dar chutões para frente, ignorando aspectos técnicos e táticos

Por 
Ribeirão Preto, SP
A solução para os problemas do futebol brasileiro vai além da escolha do próximo treinador ou dos erros na vexatória goleada por 7 a 1 diante da Alemanha. O problema do futebol brasileiro começa com a filosofia das categorias de base, da busca incessante pelo resultado, do treinador que orienta seus garotos do Sub-15 a dar chutões para frente. A análise é do técnico Alexandre Ferreira, que hoje comanda a equipe principal do Botafogo-SP, mas que levou o mesmo Tricolor ao título dos Jogos Abertos e Regionais, e conquistou o Paulista Sub-17 com o Olé Brasil.
Alexandre Ferreira, técnico do Botafogo-SP (Foto: Rogério Moroti/Ag. Botafogo)Ferreira lamenta falta de investimento e pressão por títulos nas categorias de base (Foto: Rogério Moroti/Ag. Botafogo)
- Precisa ter um desenvolvimento maior nas categorias de base, que são as formadoras dos grandes atletas. É preciso investir no atleta e nos profissionais que ali atuam. Não tem algo mais triste do que participar de um jogo Sub-15 contra um time que fica do meio-campo para trás, dando chute para frente, e os jogadores vibrando com isso - comentou Ferreira, que não concentra todas as críticas em cima do treinador. A diretoria, responsável por dar sustento à comissão técnica, não dá tempo para o desenvolvimento de um trabalho a médio-longo prazo. Duas ou três derrotas são suficientes para colocar qualquer profissional na berlinda. Sem respaldo, os treinadores, passam a orientar os chutões, pensando primeiro no empate e depois na vitória.
- Temos que pensar. Na base, trabalhamos para desenvolver o atleta ou para conseguir o resultado? Para segurar técnicos e dirigentes? Esse assunto precisa ser discutido. Tem muitas coisas a discutir. Torço para encontrarmos soluções num futuro próximo. Andando por torneios e campeonatos, percebo que o investimento no jovem e no profissional é cada vez mais difícil. Isso virou uma grande bola de neve - declarou Ferreira, que se diz "sortudo".
Para o treinador, sua carreira ganhou consistência e foi sustentada pela diretoria botafoguense por causa dos três títulos conquistados recentemente. "Sorte que ganhei títulos", comentou. Caso contrário, Alexandre Ferreira acredita que poderia estar em outro clube ou desempregado.

ALEMANHA: UM MODELO A SER SEGUIDO

Conheça a trajetória da Alemanha das categorias de base ao título da Copa

O trabalho de longo prazo na formação de atletas foi um dos elementos que faltaram para o sucesso da Seleção Brasileira.

A seleção da Alemanha chegou ao título com uma geração que vem jogando junto há seis anos. Este trabalho de longo prazo na formação de atletas foi um dos elementos que faltaram para o sucesso da Seleção Brasileira.
Uma taça e sete gols separam Brasil e Alemanha, na Copa de 2014. Mas há cinco anos, as perspectivas eram iguais para os dois.
Em 2009, a Alemanha se consagrava campeã europeia sub-21. E naquele mesmo ano, o Brasil levantava o título equivalente, o sul-americano sub-20. Só que de cinco anos para cá, as duas seleções colheram frutos bem diferentes destas conquistas continentais.
Daquele time jovem e vitorioso alemão, seis jogadores foram campeões do mundo neste domingo (13): Neuer, Boateng, Hummels, Özil, Höwedes e Khedira. Já no time de Felipão, não havia nenhum jogador daquela seleção sub-20. Para o coordenador da base do Fluminense, atual campeão de uma das mais importantes competições sub-18, falta continuidade ao futebol brasileiro.
“O trabalho é pensado, nesses países, de uma forma sempre de longo prazo, enquanto aqui é o próximo jogo, o próximo campeonato, o próximo torneio. Não é isso”, disse Fernando Simeone, coordenador da base do Fluminense.
Talentos como Kaká, Ronaldo e Neymar escalaram as divisões de base da Seleção até chegarem ao time principal. Mas, nunca um bloco de jogadores tomou conta do time profissional, como aconteceu com a Alemanha de 2014. O investimento na base, muitas vezes, se perde. Fernandinho, por exemplo, foi campeão mundial sub-20 em 2003 e ficou esquecido por oito anos até a primeira convocação para a seleção profissional.
Na Espanha, ultima campeã do mundo, as seleções de jovens fazem parte do planejamento do futebol do país. O ex-jogador da seleção brasileira Carlos Alberto Pintinho trabalhou nas divisões de base do clube espanhol Sevilla.
“É muito importante que o técnico do primeiro time acompanhe o trabalho das divisões inferiores. Será que as seleções sub-17, sub-18, sub-19, sub-20 e sub-21 jogam igual ao primeiro time?”, questionou Carlos Alberto Pintinho, ex-jogador da Seleção.
Os alemães aprenderam como se faz a duras penas: em 2000, deram vexame na Eurocopa, terminando em último, com um ponto. A federação alemã passou a destinar milhões do seu orçamento para as categorias de base do país. Hoje, para disputar a primeira e segunda divisões, os clubes são obrigados a manter times de base.
“Eles organizam torneios, organizam uma ou duas semanas onde os jogadores, os melhores de cada região, de cada time, vão para a seleção e eles passam qual o conceito deles de futebol, qual a filosofia, o que é importante para se estar nesta seleção. Então tudo isso é feito por essas seleções de base, não é só convocado e jogam os melhores, é um trabalho, é um processo seletivo”, ressaltou Cacau, ex-jogador da Alemanha.
“Não podemos ser os melhores só falando, temos que ser melhores dentro do campo de verdade”, completou Carlos Alberto Pintinho.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

MAIS UM ESCÂNDALO NA CBF: COLOCARAM AS RAPOSAS PARA TOMAR CONTA DO GALINHEIRO

DOSSIÊ: DUNGA


Dunga manteve por muitos anos um segredo bem guardado: a intermediação de transações em direitos econômicos de jogador de futebol. Quando foi questionado por esta reportagem sobre sua participação na venda do meia Ederson, em 2004, do RS Futebol Clube para o grupo Image Promotion Company (IPC), foi incisivo na negativa. Através da assessoria de imprensa da CBF, afirmou "não ter participação alguma na venda dos direitos sobre o vínculo do referido jogador".
Três documentos públicos, porém, mostram o contrário: uma nota fiscal da "Dunga Empreendimentos, Promoções e Marketing ltda", com a comissão no valor de R$ 407.384,08; o recibo assinado pelo próprio Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga; e o comprovante bancário de transferência do clube para a empresa do treinador, no valor discriminado na nota. Não é o único conflito de interesse com o cargo de comandante da seleção brasileira nessa história: as ligações com os agentes do IPC vão muito além do que um único negócio.
ESPN.COM.BR
Documentos comprovam intermediação de Dunga em negociação de Ederson
Documentos comprovam intermediação de Dunga em negociação do meia Ederson
Em 14 de janeiro de 2004, o RS Futebol Clube negociou 75% dos direitos sobre o vínculo desportivo do meia Ederson, (Internacional, Juventude, Nice, Lyon e atualmente Lazio) com o grupo IPC, pela quantia de U$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil dólares). O IPC foi representado na negociação pelo empresário italiano Antônio Caliendo. A comissão do intermediário Dunga foi paga pelo clube gaúcho. Na nota emitida pela empresa "Dunga Empreendimentos, Promoções e Marketing ltda" está especificado o "faturamento de honorários profissionais pelos serviços prestados de assessoramento, acompanhamento e indicação de investidor na aquisição de direitos federativos e econômicos de atleta". A pedido do IPC, os direitos federativos foram repassados para o francês Nice, onde Ederson atuou por três temporadas.
No dia 8 de maio de 2006, os investidores do IPC fecharam a compra dos 25% restantes dos direitos que o RS Futebol Clube ainda tinha de Ederson pela quantia de U$ 575.000,00 (quinhentos e setenta e cinco mil dólares). Diferentemente da compra dos 75% anteriores negociados por Antonio Caliendo, Dunga já não consta mais como intermediário da transação e sim como o autor do depósito dos U$ 575.000,00, oriundo de uma agência do Credit Suisse em Mônaco, sede também do IPC e creditado para os responsáveis pelo RS Futebol Clube. Em processo judicial que corre na justiça gaúcha, Dunga nega que tenha sociedade na IPC, alegando que o depósito feito por ele foi um empréstimo para o IPC.
ESPN.COM.BR
Matéria Dunga arte 2 - documento
Depósito de 575 mil dólares de Dunga para representantes do RS Futebol Clube
Por trás do endereço do IPC, em Mônaco, estão mais revelações sobre as teias de relacionamento de Dunga. O investidor, para quem o treinador da seleção intermediou o atleta do RS Futebol Clube, encontra-se no mesmo endereço da World Champions Club (WCC), na Avenue Princesse Alice. A WWC é uma conhecida empresa de agenciamento no futebol. E entre os gestores está Antônio Caliendo, que representou o IPC na compra dos 75% de Ederson, onde Dunga ganhou comissão por intermediação. O meia não foi convocado pelo treinador em sua passagem anterior pelo comando da seleção, vindo a ser chamado em 26 de julho de 2010, primeira convocação de Mano Menezes, para o amistoso no dia 8 de agosto contra os Estados Unidos - quando ficou três minutos em campo e se lesionou.
A reportagem quis saber de Dunga se ele ainda tinha algum vínculo com a empresa. O treinador disse "não ter vínculo com a empresa em questão e que esta empresa o representou quando ele era jogador". Provavelmente não viu o site da WWC, onde é uma das estrelas e identificado como "um dos nossos últimos clientes", ao lado de Ederson e Maicon, convocado por Dunga para a Copa do Mundo de 2010. Não apenas isso: onde consta a relação e fotos dos futebolistas pelos quais respondem pela gestão, Dunga aparece em foto recente e não de quando era jogador.
ESPN.COM.BR
Em seu site oficial, WCC, do italiano Antonio Caliendo, lista clientes: Dunga, Ederson, Maicon e QPR
Em site oficial, WCC, do italiano Antonio Caliendo, lista clientes: Dunga, Ederson, Maicon e QPR
O inglês Queens Park Rangers também estrela o site. A WWC assumiu a gestão do QPR em 2004. Mesmo sem "ter vínculo com a empresa em questão", Dunga assumiu cargo no conselho de gestão do clube, formado por cinco membros. Por ser agente Fifa, Antonio Caliendo não podia figurar oficialmente entre tais conselheiros, e o técnico da seleção era seu rosto.
O segredo que Dunga trouxe bem guardado até esta quinta-feira atravessou incólume uma passagem de quatro anos à frente de uma seleção nacional. Tendo como base um discurso de comprometimento e amor pela camisa verde e amarela. Ao voltar esta semana, ressaltou a base moral que sustentava esse retorno: "Dificilmente uma pessoa muda em seus princípios, os meus são a ética, comprometimento, lealdade, transparência, trabalho". Ao lado do treinador, a comissão técnica tem Gilmar Rinaldi, que deixou de ser empresário de jogadores no dia em que assumiu o cargo de coordenador na seleção brasileira.

Lúcio de Castro, especial para o ESPN.com.br

quinta-feira, 10 de julho de 2014

ROMÁRIO E O DESABAFO QUE TODO BRASILEIRO QUERIA FAZER: CBF É UMA QUADRILHA





Romário dispara contra comandantes da CBF, e os culpa pela "falência" do futebol brasileiro.

Após a goleada histórica sofrida pelo Brasil diante da Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo, o ex-jogador e deputado federal Romário desabafou. Através das redes sociais, afirmou que José Maria Marin, presidente da CBF, e seu vice e sucessor eleito, Marco Polo Del Nero, deveriam estar na cadeia. O parlamentar fez duras críticas à corrupção e à gestão no futebol brasileiro, e falou em "falência" do esporte no país.
"Passado o luto das primeiras horas seguidas da derrota, vamos ao que verdadeiramente interessa! Quem tem boa memória, vai lembrar da minha frase: Fora de campo, já perdemos a Copa de goleada!
Infelizmente, dentro de campo, não foi diferente.
Ontem foi um dia muito triste para nosso futebol. Venceu o melhor e ninguém há de questionar a superioridade do futebol alemão já há alguns anos. Ainda assim, o mundo assistiu com perplexidade esta derrota, porque nem a Alemanha, no seu melhor otimismo, deve ter imaginado essa vitória histórica.
Porém, se puxarmos da memória, vamos lembrar que nossa seleção já não vinha apresentando nosso melhor futebol há muito tempo. Jogamos muito mal. Infelizmente, levamos sete e, por mais que isso cause mal-estar, devemos admitir que a chuva de gols foi apenas reflexo do pânico, da incapacidade de reação dos nossos jogadores e da falta de atitude do treinador de mudar o time.
Vivemos uma crise no nosso esporte mais amado, chegamos ao auge dela. Acha que isso é problema só dos jogadores ou do Felipão? Nem de longe.
Nosso futebol vem se deteriorando há anos, sendo sugado por cartolas que não têm talento para fazer sequer uma embaixadinha. Ficam dos seus camarotes de luxo nos estádios brindando os milhões que entram em suas contas. Um bando de ladrões, corruptos e quadrilheiros!
O meu sentimento é de revolta.
Estou há quatro anos pregando no deserto sobre os problemas da Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição corrupta gerindo um patrimônio de altíssimo valor de mercado, usando nosso hino, nossa bandeira, nossas cores e, o mais importante, nosso material humano, nossos jogadores. Porque não se iludam, futebol é negócio, business, entretenimento e move rios de dinheiro. Nunca tive o apoio da presidenta do País, Dilma Rousseff, ou do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Que todos saibam: já pedi várias vezes uma intervenção política do Governo Federal no nosso futebol.
Em 2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois anos. Em questionamento ao presidente da Câmara dos Deputados, sr. Henrique Eduardo Alves, mas ouvi como resposta que este não era o melhor momento para se instalar esta CPI. Não concordei, mas respeitei a decisão. E agora, presidente, está na hora?
Exceto por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se envergonhar de uma derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte. Mas vergonha mesmo devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais corruptas do mundo. A arrogância dessa entidade é tão grande que até o chefe da assessoria de imprensa chega ao absurdo de bater em um atleta de outra seleção, como fez o Rodrigo Paiva contra um jogador do Chile Pinilla. Paiva pegou quatro jogos de suspensão e foi proibido de acessar o vestiário dos jogadores. Este ato foi muito simbólico e diz muito sobre eles. O presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa?
Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!!
A corrupção da CBF tem raízes em todos os clubes brasileiros, vale lembrar que são as federações e clubes que elegem há anos o mesmo grupo de cartolas, com os mesmos métodos de gestão arcaicos e corruptos implementados por João Havelange e Ricardo Teixeira e mantidos por Marin e Del Nero. Vale lembrar, que estes dois últimos mudaram o estatuto da entidade e anteciparam a eleição da CBF para antes da Copa. Já prevendo uma possível derrota e a dificuldade que eles teriam de se manter no poder com um quadro desfavorável.
E os clubes? Sim, eles também são responsáveis por essa crise. Gestões fraudulentas, falta de investimento na base, na formação de atletas. Grandes clubes brasileiros estão falindo afogados em dívidas bilionárias com bancos e não pagamentos de impostos como INSS, FGTS e Receita Federal.
E toda essa má gestão que tem destruído o nosso futebol, infelizmente, tem sido respaldada há anos pelo Congresso Nacional com anistias e mais anistia destes débitos. Este ano tivemos mais um projeto desses vexatórios para salvar os clubes. Um projeto que previa que clubes pagassem apenas 10% de suas dívidas e investissem 90% restante em formação de atletas. Parece até deboche. Uma soma de aproximadamente R$ 4 bilhões ou muito mais, não se sabe ao certo. Corajosamente, o deputado Otávio Leite, reconstruiu o texto e apresentou uma proposta honesta estruturada em responsabilidade fiscal, parcelamento de dívidas e a criação de um fundo de iniciação esportiva, com obrigações claras para clubes e CBF.
Em resumo, a nova proposta além de constituir a Seleção Brasileira de Futebol e o Futebol Brasileiro como Patrimônio Cultural Imaterial – obrigava a CBF a contribuir com alíquota de 5% sobre as receitas de comercialização de produtos e serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol Brasileiro nos âmbitos nacional e internacional. O tributo também incidiria sobre patrocínio, venda de direitos de transmissão de imagens dos jogos da seleção brasileira, vendas de apresentação em amistosos ou torneios para terceiros, bilheterias das partidas amistosas e royalties sobre produtos licenciados. O valor seria destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças e jovens de todo o Brasil. Esses e outros artigos dariam responsabilidade à CBF, punição à entidades e outros gestores do futebol, a CBF estaria sujeita a fiscalização do TCU e obrigada a ter participação de um conselho de atletas nas decisões.
Mas este texto infelizmente não foi para a frente. Sete deputados alemães fizeram os gols que desclassificaram nosso futebol e nos tirou a chance de moralizar nosso esporte. Estes deputados, como todos sabem, fazem parte da Bancada da CBF, mudei o nome porque Bancada da Bola é muito pejorativo para algo que amamos tanto. Gosto de dar os nomes: Rodrigo Maia (DEM -RJ), Guilherme Campos (PSD-SP), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), José Rocha (PR-BA) , Vicente Cândido (PT-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Valdivino de Oliveira (PSDB-GO).
Essa partida ainda pode ser revertida com a votação do projeto no Plenário da Câmara. Será que esses sete deputados voltarão a prejudicar o nosso futebol?
O futebol brasileiro tomou uma goleada e a derrota retumbante, infelizmente, não foi só em campo. Nem sequer tivemos o prazer de jogar no Maracanã, um templo do futebol mundial, reformado ao custo de mais de R$ 1 bilhão. Acha que foi porque não chegamos a final? Não. Poderíamos ter jogado qualquer outro jogo lá. A resposta disso é ganância e arrogância. É a CBF que escolhe onde o Brasil vai jogar, mas, obviamente, poderia ter tido interferência do Ministério do Esporte e da presidência da República, mas nenhum destes se manifestou. Quem levou com essas escolhas?
Para fechar com chave de ouro, a CBF expulsou do vestiário Cafú, capitão de seleção do pentacampeaonato. Cafú foi expulso do vestiário enquanto cumprimentava os jogadores ontem. Este é o retrato do nosso futebol hoje, não honramos a nossa história.
Dilma tem sim que entregar a taça para outra seleção. Este gesto será o retrato do valor que ela deu ao nosso futebol nos últimos anos! Eles levarão a taça e nós ficaremos com nossos estádios superfaturados e nenhum legado material, porque imaterial, mostramos para o mundo que com toda nossa dificuldade, somos um povo feliz"