sexta-feira, 18 de setembro de 2015

"C.I.A" NO FUTEBOL: SAI A BOLA E ENTRA A INTELIGÊNCIA

CIFUT do Corinthians e UNIFIC do Coritiba – Dois Bons Centros de Observação e Inteligência do Futebol.

No último mês a Futebol Planejado esteve visitando dois clubes importantes do futebol brasileiro, Corinthians e Coritiba abriram suas portas e mostraram com detalhes como funciona uma parte importante de seus departamentos de futebol.  Estivemos em contato com os responsáveis e visitamos  o  CIFUT (Centro de Inteligência do Futebol do Corinthians) e UNIFIC (Unidade de Informação, Formação e Inovação do Coritiba) e saímos com a certeza de que são trabalhos bem coordenados e qualificados.
20150718_150737 (1)
20150701_153156 (1)
Os motivos pelos quais os clubes brasileiros estão estruturando processos de observações mais qualificados e abrangentes vêm das novas condições do mercado do futebol e do próprio jogo praticado atualmente. Historicamente, os grandes clubes brasileiros encontravam seus futuros jogadores em clubes pequenos do Brasil, hoje esses clubes vendem diretamente para mercados de fora do país, que buscam atletas cada vez mais jovens para esses conviverem em um ambiente de formação qualificado pelo maior tempo possível antes de ingressarem nos profissionais.
Essa subtração do papel do clube grande brasileiro como validador de um jogador para o mercado europeu faz com que os clubes necessitem melhorar seu processo de captação e observação de jogadores. Muitas vezes aquele jogador reserva de um clube ou aquele jovem que até então não despontou de forma sólida, pode ser útil para outro clube, porém essa condição só será identificada se o atleta for observado de forma criteriosa.
O CIFUT do Corinthians foi extremamente importante para a montagem de elencos qualificados e sem altos custos, jogadores que até então não eram extremamente conhecidos foram contratados e se mostraram úteis nas recentes campanhas vitoriosas do Corinthians. Dentro do Centro de Inteligência do Futebol do Corinthians existem profissionais que se dedicam exclusivamente a observar possíveis reforços através de análises de vídeos de jogos completos de ligas do mundo todo. Na UNIFIC do Coritiba, coordenado pelo Augusto Moura de Oliveira, a premissa é a mesma, descobrir aquele jogador que se encaixe no perfil financeiro do clube e que traga excelentes retornos esportivos.
O CIFUT do Corinthians e o UNIFIC do Coritiba não se atém apenas a montagem de elencos através da observação de possíveis reforços. O trabalho realizado por esses dois centros também visa o melhor aproveitamento do elenco atual dos clubes, através de observações dos treinamentos.
Todos os treinamentos do Corinthians são filmados e analisados posteriormente pela equipe do CIFUT, com o intuito de auxiliar a comissão técnica a tomar a melhor decisão referente ao time. Diante disso, torna-se necessário a proximidade da comissão técnica do clube com os profissionais de análise e é exatamente isso que presenciamos no Corinthians, principalmente através do auxiliar técnico Cléber Xavier.
20150701_161618 (1)
A análise de adversários também é de responsabilidade do CIFUT do Corinthians e do UNIFIC do Coritiba. O futebol está cada vez mais competitivo e o jogo cada vez mais intenso, diante disso é importantíssimo que se conheça muito bem o adversário que se vai enfrentar. Normalmente são detalhes que definem o jogo, sejam detalhes técnicos de algum jogador ou táticos do time e com esse trabalho de observação existe uma minimização das chances de derrota.
Outro motivo pelo qual os clubes devem e estão investindo em departamentos de Inteligência é a falta de integração entre categoria de base e categoria profissional. Muito atletas de grande potencial foram e estão sendo conduzidos aos profissionais de maneira precipitada e sem atenção devida. Diante desse quadro, a Unidade de Informação, Formação e Inovação do Coritiba visa preparar melhor a transição do jovem da base para o quadro profissional, tornando as duas categorias integradas. O jovem jogador do Coritiba é monitorado pelo UNIFIC desde a categoria Sub-11 e passa por avaliações sistemáticas com profissionais de todas as outras categorias do Coritiba, é criado um ambiente de proximidade que faz com que o jovem ao chegar na categoria profissional já seja extremamente conhecido por todos os profissionais do clube e se veja como parte integrante de um processo e não como um estranho no ninho.
20150718_150547 (1)
É inegável que ainda estamos aquém em relação a departamentos de observações existentes em clubes europeus, porém existem bons trabalhos sendo realizados no Brasil e dando resultados. Corinthians e Coritiba merecem cumprimentos pelo CIFUT e UNIFIC respectivamente, dois centros de observação e inteligência de alto nível e que devem servir de referências para outros clubes brasileiros.
Agradecemos a disponibilidade dos clubes, através de Cleber Xavier e Renato Rodrigues (Corinthians), Pierre Boulos e Augusto Moura de Oliveira (Coritiba), em nos receber e trocarem informações com a Futebol Planejado. www.futebolplanejado.com

CATEGORIAS DE BASE: A BASE PRA TUDO COMEÇA AQUI

Categorias de Base como Ferramenta para Montagem de Elencos

Todos os anos, em qualquer clube do futebol brasileiro que esteja passando por um período eleitoral, vemos promessas de adoção de modelos de gestão que dão ênfase as categorias de base.
“Criaremos condições aos atletas da base”,
“Adequaremos nossas instalações para que sejamos reconhecidos com um clube formador”
“Nossa categoria de base se tornará referência em formação”
Declarações como essas trazem esperanças aos sócios dos clubes e ao mercado como um todo. Qual sócio não gostaria de ver seu clube sendo realmente formador de talentos em escala?
Formar um atleta em condições de introdução em mercados com maior circulação de dinheiro do que o mercado em que o clube se encontra não é tarefa das mais complicadas.
Para que isso ocorra basta criar uma estrutura rasa que possibilite o jovem aprender, praticar e atuar por alguns anos até que desenvolva qualidades e condições favoráveis para integrar o elenco profissional, e regularizá-lo juridicamente perante a Federação Estadual e a Confederação Brasileira.
Sabemos que no Brasil existem clubes que não possuem condições de oferecer uma formação completa para os jovens jogadores e têm como estratégia desenvolver o máximo de um atleta até certo ponto suficiente para conseguir vendê-lo para algum mercado comprador.
A preocupação e a pressa em formar um jogador com as mínimas condições técnicas, físicas e táticas para ser usado como “cheque pagador” para os projetos do clube estão reduzindo a qualidade do nosso jovem atleta.
Uma formação de qualidade contempla primeiramente a avaliação do potencial futuro do jovem. Milhares de crianças desejam jogar futebol profissionalmente, mas a grande maioria talvez não tenha talento para isso e, se possuírem qualidades para tanto, talvez não resistam a algumas exigências que uma criança e adolescente é submetida no processo de formação até o nível profissional.
Identificado o talento em potencial, é necessário criar condições para que o jovem entusiasta do futebol se torne um profissional, fazendo com o que ele tenha diversas etapas de aprendizado assistidas por profissionais qualificados e preparados. Uma estrutura física capaz de impulsionar o desenvolvimento técnico do jovem, acompanhamento psicológico como um dos pontos chaves da formação e plano de carreira respeitando as necessidades do clube e as ambições profissionais do atleta.
O nível dessa formação de base é condição chave para definir o tipo de atleta que teremos no mercado do futebol. Não podemos considerar aqui aqueles profissionais que são exceções, ou seja, grandes talentos que chegaram a nível máximo de qualidade mesmo sem contar com estrutura de base adequada.
Os clubes que são destino dos atletas formados para o mercado são dos mais variados portes e condições financeiras, ou seja, são formados nas categorias de base jogadores para todos os níveis de clubes.
Tendo como base as declarações não tão hipotéticas referidas no começo do texto sobre a adoção de estratégias que fortaleçam as categorias de base dos clubes, fica a pergunta:
É importante para o sócio/torcedor de um clube formar um jogador e não ver esse jogador rendendo frutos dentro do campo para o clube?
O desafio de aproveitar o que é feito em casa.
Eu acredito firmemente que formar um jogador e vendê-lo sem o utilizar por tempo razoável e sem criar condições para que esse atleta possa ter papel preponderante em questão de resultado dentro do campo no futebol profissional, é importante apenas mercadologicamente e financeiramente, e mesmo assim apenas com benefícios nessa esfera em curto prazo.
Ser reconhecido como um clube com boas categorias de base é mais do que formar atletas para o mercado, o desafio é formar atletas para o próprio clube, é obter resultados através dos jovens.
Montagem de Elencos utilizando as Categorias de Base
É quase impossível um clube ter 100% de jogadores oriundos das suas categorias de base, o mercado de transações de jogadores está permanentemente em movimento e a rotatividade de atletas é alta, desse modo sempre vai haver necessidades de contratações de jogadores de outros clubes.
O que sugerirmos neste artigo é uma reflexão sobre a importância das categorias de base como ferramenta para montar elencos na categoria profissional.
Hoje, nas maiores ligas do mundo, temos clubes com folhas salariais girando em torno de 5 a 20 milhões de Euros mensais e sem a presença majoritária de atletas formados em casa.
Uma montagem de elenco deve começar pela análise do plantel de jogadores atual, profissional e aspirante. Ninguém mais capacitado para isso do que o corpo técnico e diretivo do clube. Identificadas as condições atuais do plantel, parte-se para a busca por jogadores dentro de um orçamento estabelecido que supram alguma eventual necessidade encontrada.
Jogadores advindos das categorias de base normalmente recebem menos do que um jogador vindo de outro clube, essa é a lei de mercado. Tirar uma pessoa de um posto de trabalho inevitavelmente requer um desembolso financeiro maior do que promover um funcionário internamente.
É nessa promoção que pode-se colher os frutos de um processo de formação de base adequada. Em qualquer empresa que adote as melhores práticas de gestão, vemos uma preocupação com o desenvolvimento interno.
Essa preocupação não é por capricho ou motivada por um sentimento puro de assistencialismo com o funcionário, ela vem da necessidade de redução de custos e da vontade de obter resultados iguais ou melhores com níveis menores de recursos.
Reter o funcionário qualificado é importante, porém, em caso de não êxito diante de uma vontade pessoal do funcionário de conquistar novos objetivos, a empresa deve ter “backup” em casa.
Pensando nas realidades dos clubes, a pergunta que fica é:
Será que não é possível obter resultados investindo menos em remunerações para atletas oriundos do mercado e contando com atletas formados no próprio clube?
Diante disso apresento uma lista de clubes que tiveram resultados favoráveis nas Liga dos Campeões da Europa e Copa Libertadores da América, aproveitamento jogadores das categorias de base.
lista
URUGUAI, PARAGUAI E ARGENTINA, ESPANHA E INGLATERRA
Clubes desses 5 países integram a lista dos 10 clubes que mais utilizaram jogadores formados nas categorias de base em títulos continentais.
Peñarol ocupa a primeira colocação no ranking. O clube de Montevideo formou e utilizou 51 atletas formados na base nos seus 5 títulos da Libertadores. Porém, nenhum título representa tão bem a trajetória formadora do Penarol como o da Liberadores de 1987. Um grupo de jogadores com 19 jovens advindos da categoria de base conquistou o 5º título da equipe uruguaia e entrou para a história como a equipe com mais jovens formados em casa campeão de uma competição continental europeia ou sul-americana. Os jovens do Peñarol conseguiram o título no 3º jogo final contra o América de Cali em Santiago do Chile no último minuto da prorrogação.
OLIMPIA DO PARAGUAI
Os paraguaios do Olimpia figuram como o segundo clube que mais jogadores da casa foram campeões do Continente, ao todos são 41 jogadores das categorias inferiores que participaram das conquistas dos 3 títulos da América.
Em 1990 venceram o Barcelona do Equador e conquistaram seu terceiro título com 17 jogadores vindos da base no grupo de jogadores.
3070460967_2_3_pxoPfSTL
BOCA JUNIORS
Os torcedores do River Plate costumam afirmar que os torcedores do Boca Juniors não possuem nenhum ídolo formado nas “canteiras” do clube.
De fato, os maiores expoentes técnicos da história do clube vieram contratados de outros lugares: Martim Palermo, Riquelme, Maradona, Abbondanzieri, Guillermo Schelotto e alguns outros com papel preponderante nas glórias “xeneizes”.
O que faz o Boca Juniors ocupar a terceira colocação nesta lista com 36 jogadores formados na base é a política de futebol praticada nos anos 2000, período em que o clube venceu 4 das 6 libertadores que possui.
A equipe argentina possuía jogadores chaves vindos de outros clubes, porém, valorizava sua base, promovendo ao time titular jogadores de qualidade e recheando a suplência de jogadores oriundos das categorias inferiores.
Sebastián Battaglia, Clemente Rodríguez e Carlos Tévez.
Os 3 maiores jogadores formados na base e que foram campeões da América pelo Boca Juniors foram sem dúvida, o volante Sebastián Battagalia, detentor de 4 títulos. Jogador com maior número de conquistas na história da equipe, o lateral Clemente Rodríguez que conquistou 3 libertadores e o atacante Carlos Tévez, o de maior qualidade técnica produzido neste período.
Para completar o time das “canteiras xeneizes”, citamos Arruabarrena, atual treinador da equipe,  Fernando Gago, Burdisso, Anibal Matellán, José Calvo, Neri Cardozo, Ever Banega, Giménez, Marchant, Rojas, Moreno e Omar Pérez.
Essa base aliada a jogadores vindos de outros clubes como os goleiros Cordóba, Abbondanzieri e Caranta, os laterais Ibarra, Krupoviesa e Morel Rodríguez, os zagueiros Bermúdez, Samuel, Traverso, Schiavi e Cata Díaz, os volantes Serna e Cagna, os meio de campo Donnet, Basualdo, Ledesma, La Paglia, Vargas, Bilos, Frederico Insúa, Guglielminpietro e Riquelme, os atacantes Guillermo Schelotto, Marcelo Delgado, Rodrigo Palacio e Martim Palermo conquistou a hegemonia da América do Sul com as conquistas da libertadores de 2000, 2001, 2003 e 2007.

boca-juniors-cup-shirt-football-shirt-2000-s_7890_1

Nacional, Independiente, Real Madrid, Estudiantes, Barcelona, River Plate e Manchester United completam a lista dos 10 clubes que mais utilizaram jogadores da base em títulos continentais.
A pesquisa realizada aqui serve para demonstrar que a utilização das categorias de base como ferramenta para montagem de elenco pode ser vantajosa dentro das quatro linhas, além de financeiramente rentável.
www.futebolplanejado.com

CATEGORIAS DE BASE: PARABENS CLUBES E CBF ESTAMOS ATRÁS ATÉ DA CROÁCIA

Como o Dínamo de Zagreb tem uma das Melhores Categorias de Base do Mundo.

Os clubes europeus estão em posição mais avançada do que o restante do mundo quando o assunto é prospecção, detecção e formação de talentos. Essa condição não é restrita aos grandes clubes do continente, clubes médios e pequenos também apresentam processos de formação de altíssima qualidade.
Para exemplificar as boas condições para formação de atletas na Europa, trazemos o exemplo do Dínamo de Zagreb da Croácia, clube que, de acordo com a Associação dos Clubes Europeus é uma referência nesse quesito. Se valendo de um ótimo processo de prospecção e seleção de atletas, o Dínamo consegue captar jogadores jovens de extrema qualidade, formá-los adequadamente, utilizá-los na equipe principal com papel de preponderância e posteriormente vendê-los para alavancar o clube financeiramente.
Essa fórmula garantiu ao Dínamo 10 campeonatos nacionais seguidos e mais de 110 milhões de euros no caixa por transferências de jogadores com até 24 anos nos últimos 15 anos. O objetivo principal do trabalho das categorias de a base do Dínamo de Zagreb é permitir que no mínimo dois atletas por faixa etária terminem seus processos de formação na equipe profissional do clube. É um objetivo relativamente simples mas que exige uma estrutura adequada, conforme mostraremos a seguir.
O clube conta com um centro de treinamento de 36.000 metros quadrados, aonde existem 6 campos para uso das categorias de base, 4 deles de grama natural e 2 de grama artificial. A estrutura da categoria de base fica próxima às instalações da equipe principal, o que garante uma integração entre os profissionais envolvidos no trabalho.
Além dos campos, existe uma área para recuperação física que contempla uma moderna academia e uma piscina disponíveis de acordo com as exigências das categorias sub-8 até sub-19. Para fazer parte das categorias de base do Dínamo de Zagreb, o jovem pode se inscrever para participar das diversas avaliações realizadas pelo clube ou ser recrutado por um dos 5 olheiros que trabalham em Zagreb e no Norte da Croácia ou por um dos 4 que cobrem a Bósnia e Herzegovina, Austrália, Canadá e Estados Unidos, 4 países com muitos imigrantes croatas.
Os 9 olheiros que trabalham para o Dínamo de Zagreb fazem suas avaliações de acordo com parâmetros estabelecidos pelo clube. As características principais buscadas são habilidade, mais precisamente agilidade, personalidade e técnica, mais precisamente controle de bola. Em primeiro lugar é buscado um perfil de jogador técnico, para que somente aos 13 anos de idade se inicie os trabalhos táticos sempre baseados no esquema 4-4-2 ou 4-2-3-1.
Os treinadores das diversas categorias não exercem poder ilimitado, todos obedecem a filosofia do clube e montam seus programas de treinamento com apoio da direção da respectiva categoria. Para ser um dos 21 treinadores que trabalham no Dínamo de Zagreb é necessário ter um alto nível de inteligência, ser emocionalmente estável e ter habilidade em transmitir conhecimentos, não é necessário ter sido um ex jogador de futebol.
A metodologia de treinamento deve respeitar os parâmetros definidos pelo clube. Para os jovens entre 8 e 11 anos, os treinos devem ser baseados em elementos que visem aprimorar a técnica e o controle de bola, sempre enfatizando a questão recreacional do esporte e o aprendizado livre,  mesmo para os jovens que já estejam na equipe de competição. Cada equipe de competição é composta por 12 jogadores, muitas vezes recrutados de outros clubes de Zagreb, foco principal do Dínamo para essas faixas etárias, e já lhe são passados fundamentos táticos teóricos através de conversas para que possam manter suas posições dentro do campo.
Entre os 12 e 16 anos, os jovens são incentivados a trabalhar a velocidade com a bola e as combinações de passes. O calendário croata não é muito extenso nessa categoria, por isso o clube organiza partidas amistosas e torneios com participação de equipes internacionais para manter seus jovens em ritmo de competição. Durante as partidas são intensamente cobrados aspectos e princípios da marcação por zona, “pressing” e transições rápidas, a meta é executar movimentos e jogadas com a maior velocidade possível e com poucos toques na bola, além de ter rígida obediência tática.
download
A partir da categoria Sub-15, os jovens recebem algumas responsabilidades e devem cumprir certas normas: possuem apenas dois dias de folga por mês, devem seguir a dieta nutricional estabelecida pelo clube. Os jogadores que moram nas instalações do clube são visitados pelos pais sem restrições de dias, para que o jovem mantenha o vínculo e os valores familiares.
As categorias Sub-17 e Sub-19 são tratadas pelo clube como categorias estratégicas e já recebem a atenção da equipe profissional. Existe um intercambio de categorias, aonde os mais velhos da Sub-17 participam das atividades com a Sub-19 e muitas vezes já são incorporados definitivamente no plantel, devido a isso, o número de jogadores é de 26 em cada categoria.
Nessa faixa etária é que os jovens atletas do Dínamo entra em contato com a equipe profissional, normalmente participam de pelo menos uma atividade semanal com a equipe profissional e recebem as mesmas condições dos jogadores da equipe adulta, referente a individualização de aspectos físicos, fisioterápicos, técnicos e táticos de acordo com a posição que atuam. O processo de transição do jovem da categoria de base para a equipe principal é muito bem cuidado pelo clube, muitos jogadores passam ainda por outro estágio na formação sendo emprestados para o NK Lokomotiva, clube que também joga na Primeira Liga da Croácia e é afiliado ao Dinamo.
Dinamo2
Um dado que valida e mostra como o trabalho realizado no Dínamo de Zagreb é bem feito é a porcentagem de jogadores que fazem todo o processo de formação no clube. 13% dos jovens que jogaram no Sub-8 atingiram a categoria Sub-19 e 34% dos que jogaram na Sub-11 chegaram na categoria Sub-19. A Seleção Nacional também aproveita o bom desenvolvimento de jogadores do Dínamo, 10 jogadores dos 24 normalmente convocados foram formados no clube, 09 jogadores da Seleção Sub-21 são formados no Dínamo e 15 dos 19 jogadores da Seleção Sub-17 17 são jogadores do clube de Zagreb.
Os resultados desse bom trabalho realizado pelo Dínamo de Zagreb são impressionantes em todas as ordens. Financeiramente o clube arrecadou 110 milhões com vendas de jogadores formados no clube nos últimos 15 anos, tendo um custo de aproximadamente 20 milhões de euros para a operacionalização da estrutura de base, é o maior vencedor de competições Sub-17 e Sub-19 da Croácia na última década, 13 dos 26 jogadores do plantel atual são formados no clube que atualmente é o decacampeão nacional.
Não existe fórmula mágica para formar bons jogadores e está provado que só captar talentos precoces não garante que um clube forme bons jogadores para o futuro. O Dínamo de Zagreb pode ensinar muito aos gestores das categorias de base dos clubes brasileiros.
download (1)
site: www.futebolplanejado.com 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CBF: UMA VERGONHA ATÉ NA BASE


Hoje fiquei muito desiludido, porque acho que depois de todos os acontecidos na FIFA e na CBF, achei que tinham mudado o pensamento na hora de convocarmos os atletas, não estou falando da seleção principal, porque essa aí não tem jeito, estou falando da seleção brasileira sub-17, aonde de novo, convocaram atletas de times de "camisa" e de "empresários". Vou dar um exemplo lógico: Quem é o artilheiro do paulista sub-17?
Para quem não sabe é o garoto Bruno Camacho Arimoto (foto), atacante do Grêmio Desportivo Prudente, pasmem, o garoto está com 26 gols, mais mesmo assim, a CBF não consegue olhar para o pequeno Grêmio. Tive o prazer de conhecer esse garoto quando o Gabriel Oliveira e Juninho Silva estavam na equipe de Prudente, o que falta de habilidade sobra em vontade e consciência tática, aquilo que um jogador moderno tem que ter de sobras e esse garoto tem.
Enquanto estiverem usando essa metodologia estranha de convocar atletas que são de amigos e aderentes, não vamos mudar nunca a cara do nosso tão degradado futebol brasileiro.

terça-feira, 28 de abril de 2015

BRASIL: O PAÍS DO FUTEBOL E SEUS DESEMPREGADOS DA BOLA

Os 20 mil desempregados do Futebol

POR EDUARDO CONDE TEGA*

Um mesmo ciclo negativo se repetirá no próximo domingo: mais de 20 mil profissionais do futebol brasileiro estarão desempregados, incluindo atletas, treinadores, assistentes técnicos, preparadores físicos, supervisores, roupeiros e massagistas, entre outros.
São profissionais que pertencem a centenas de clubes espalhados pelo Brasil e que ficarão sem atividades até o final do ano, em função do atual calendário promovido pela CBF e suas respectivas federações. Muitas destas equipes irão se despedir da temporada com menos de 18 jogos e as federações repetirão o discurso de que, sem os estaduais, a situação seria ainda pior.
Já os clubes considerados grandes, na outra ponta, poderão jogar um número excessivo de partidas, o que impede uma preparação mais adequada e que impacta diretamente na qualidade do espetáculo.
Em alguns casos serão mais de 80 jogos, número 40% superior ao número de partidas que são disputadas pelas principais equipes da Europa, por exemplo, numa mesma temporada.
Qualquer presidente de federação ou confederação defenderá em tom romântico que o campeonato estadual é responsável por gerar empregos e movimentar a economia nos primeiros meses do ano, mesmo que os números digam o contrário.
Os campeonatos estaduais são unanimidade em modelo deficitário para torcedores, clubes e imprensa.
Exceto para quem organiza e transmite a competição.
Diminuir a quantidade de jogos dos grandes, ao priorizar as principais competições, e aumentar consideravelmente a quantidade de jogos dos clubes de menor porte é fundamental para iniciarmos esse movimento benéfico ao esporte no país.
Os estaduais são um patrimônio histórico e cultural de cada Unidade Federativa, mas há a necessidade de se adequarem à importância que eles têm hoje em dia.
A situação de falência em que se encontram por todos os Estados do Brasil está diretamente relacionada à manutenção dos feudos das federações.
Para eles, maior tempo de calendário para os estaduais significa mais poder e dinheiro.
O atual modelo de governança do futebol brasileiro concentra riquezas nas federações e na CBF, que cavam um buraco ainda maior para os clubes se enterrarem.
É necessário criar viabilidade para clubes do interior, ao resgatar as rivalidades regionais e fomentar a atividade econômica que gira em torno deles.
Mas, essencialmente, os clubes do interior precisam competir, já que não conseguem criar e manter um vínculo com seu torcedor, que hoje passa mais da metade do ano sem ver seu time jogar e assiste aos jogos de equipes grandes pela TV. Principalmente equipes e ligas internacionais.
Um novo formato para os estaduais deve urgentemente ser discutido e implementado por quem dirige o futebol brasileiro.
Mas como os interesses dessas entidades e de seus dirigentes passam longe do desenvolvimento do futebol brasileiro, os clubes ou o Governo deveriam intervir imediatamente.
Os clubes lutam para pagar suas contas, tributos e dívidas; e tem com as federações a mesma relação que um devedor tem com seu gerente de banco.
Já o Governo, tenta fazer da MP 671 um instrumento de decência em conceitos básicos como gestão responsável e limites de mandatos às federações, para inspirar o mesmo formato em outros esportes e levar democracia e gente séria às entidades que deveriam, no mínimo, organizar as competições com competência.
Verdadeiramente, somente teremos mudanças significativas tendo em vista o desenvolvimento do futebol nacional quando o colégio eleitoral da CBF e das federações for ampliado. Quando todos os atletas e clubes tiverem direito a voto na Assembleia Geral e fóruns decisórios das entidades que organizam as competições que estiverem disputando, com o mesmo peso dos demais.
Não é a toa que está esculpida em pedra no Museu Olímpico de Lausanne, na Suíça, a seguinte frase:

“Sem o atleta não há esporte.”
*Eduardo Conde Tega dirige a Universidade do Futebol.