Os números não mentem. Escancaram a inutilidade dos Campeonatos Estaduais. Mas a revolução no futebol brasileiro só acontecerá quando os patrocinadores da Globo acordarem. E e perceberem que estão desperdiçando mais de R$ 1 bilhão…
Ambev, Coca-Cola, Banco Itaú...
Johnson & Johnson, Vivo e Volkswagen.
Está nas mãos das diretorias dessas multinacionais.
Basta elas se unirem para mudar o cenário do futebol brasileiro.
Elas são as patrocinadoras do futebol na TV Globo.
Pagam mais de R$ 1 bilhão por ano à emissora carioca.
Em compensação, têm suas marcas expostas.
Por contrato, são 85 partidas.
Isso em várias competições.
Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana.
E, lógico, os principais campeonatos estaduais.
Copa do Mundo está fora, ela foi negociada à parte.
Mas se os executivos dessas marcas trabalharem direito vão se revoltar.
Vão perceber o quanto é estúpido comercialmente o calendário deste país.
O quanto se perde tempo com competições que o torcedor não quer mais ver.
É fácil entender por que a audiência do futebol cai ano após ano.
E por que os clubes estão empobrecendo.
Executivos da Globo só pensam na grade de programação.
Em ter jogos todas as quartas e domingos.
Para a sua contabilidade, é melhor torneios de janeiro a dezembro.
Não querem nem pensar em adequar o calendário nacional ao europeu.
O que seria ideal aos clubes.
Haveria espaço para excursões, pré-temporadas pagas no exterior.
E uma valorização do que o torcedor quer ver, Libertadores e Brasileiro.
Não a perda de tempo, de energia, com ultrapassados campeonatos estaduais.
Não há segredo.
Basta analisar o desinteresse total, a queda de público nos estádios.
É assustadora a análise da média de torcedores.
O desinteresse está mais do que escancarado.
Ingressos caros, insegurança, jogos terminando mais de meia-noite.
Torna-se patético defender os estaduais.
Eles sustentam os presidentes de federações que votam nas eleições da CBF.
Mas a causa central desses torneios existirem é a grade da Globo.
Só que está cada vez mais difícil transmitir os jogos.
Diretores de tevê orientam câmeras a não mostrar as arquibancadas vazias.
De preferência 'fechar' só onde há um pequeno núcleo de torcedores juntos.
A ideia é passar a sensação de estádio lotado.
Mesmo na hora do gol houve uma importante mudança.
A ordem é acompanhar o jogador.
Se ele correr em direção ao torcedor, manter a imagem nele.
Evitar mostrar as arquibancadas cada vez mais cheias de lugares vazios.
Os executivos das multinacionais que gastam R$ 1 bilhão não são ingênuos.
Já perceberam que estão pagando por um produto que está se esvaziando.
Para entender o porquê de a audiência despencar basta analisar.
Estudar as arquibancadas.
O ranking do público que foi aos estádios no Brasil é chocante.
Até uma criança de dez anos percebe o que o torcedor quer ver.
O estudo de 2013 foi publicado pela Pluri Consultoria.
É um tapa na cara de quem insiste no passado.
Em tentar defender os clubes pequenos, do interior.
Aqueles que fingem não saber que os times são de aluguel.
Montados por prefeitos para agradar a seu eleitorado.
Com a pressão da Globo e das federações, os clubes grandes vão a suas cidades.
Levam os seus jogadores mais importantes para serem vistos como em zoológico.
Estas partidas são superfaturadas, com ingressos caríssimos.
Fazem a festa de políticos locais.
Só que são cada vez mais desprezadas pelos telespectadores.
E mesmo os torcedores percebem que não vale a pena gastar tanto.
Os clubes grandes no início do ano costumam estar mal.
Pela falta de uma pré-temporada decente, por causa do calendário.
É uma estupidez sem tamanho que está refletindo.
O futebol esvaziado já incomoda os patrocinadores.
Logo, incomoda a Globo.
A situação está chegando a um estágio inaceitável.
Impossível discutir com os números.
Vamos a eles.
A média de público nos campeonatos disputados no Brasil.
1º) Libertadores: 32.949 pagantes por partida.
2º) Brasileiro da Série A: 14.951 pagantes.
3º) Sul-Americana: 10.557 pagantes.
4º) Copa do Nordeste: 8.886 pagantes.
5º) Copa do Brasil: 7.822 pagantes.
6º) Estadual de Minas Gerais: 6.451 pagantes.
7º) Estadual de São Paulo: 6.217 pagantes.
8º) Brasileiro da Série B: 5.437 pagantes.
9º) Brasileiro da Série C: 5.421 pagantes.
10º) Estadual Pernambuco: 5.339 pagantes.
11º) Estadual Pará: 5.022 pagantes.
12º) Estadual Goiás: 4.449 pagantes.
13º) Estadual Santa Catarina: 3.519 pagantes.
14º) Estadual Bahia: 3.155 pagantes.
15º) Estadual Paraná: 3.002 pagantes.
16º) Estadual Rio de Janeiro: 2.422 pagantes.
17º) Estadual Rio Grande do Sul: 2.219 pagantes.
18º) Estadual do Ceará: 2.005 pagantes.
19º) Brasileiro Série D: 1.832 pagantes.
20º) Estadual Alagoas: 1.754 pagantes.
Vale destacar também a média dos estaduais onde haverá Copa.
Em Brasília, ficou em 1.776 torcedores.
A capacidade do Mané Garrincha é de 72 mil pessoas.
No Rio Grande do Norte, a média foi de 958 torcedores.
A Arena Dunas comportará um público de até 42 mil.
No Amazonense, 807 pagantes.
A Arena Amazônia foi construída para 42 mil pessoas.
Em Mato Grosso, ficou em meros 605 pagantes...
A Arena Pantanal poderá abrigar até 43 mil torcedores...
As milionárias arenas após a Copa ficarão às moscas.
Em 2015, a Fifa já se esquecerá desses estádios.
Seus olhos interesseiros estarão voltados às novas arenas russas...
O Brasil que se vire com esse 'legado'...
Neste mundo globalizado e contabilizado não dá para enganar ninguém.
Os torcedores querem ver Libertadores, Brasileiro da Série A...
Sul-Americana, Copa do Brasil e até Copa do Nordeste.
Só depois vêm os esvaziados, inúteis estaduais.
A média do Paulista foi de pouco mais de seis mil pessoas.
O Carioca travou em 2.422 pessoas!
É muito fácil perceber por que os clubes estão falidos.
Implorando de joelhos ao governo que aprove o Proforte.
Projeto que os liberará de dívidas de R$ 4 bilhões em impostos.
Não adiantará nada esse perdão.
Se o calendário não for mudado, daqui a 15 anos as dívidas serão as mesmas.
Se a CBF e a Globo fingem não enxergar, o torcedor já percebeu.
Não vai dar seu suado dinheiro, se expor a vândalos desvairados à toa.
Só entra em um estádio quando a partida realmente interessa.
Prefeitos e presidentes de federações pensam apenas em si.
Não têm a menor preocupação com os clubes grandes, com o futebol.
Querem votos, dinheiro e currais eleitorais.
Outro dado irrefutável.
A audiência da primeira rodada do Paulista de 2014 foi de 16 pontos.
Somando Globo e Bandeirantes.
Em 2013 alcançou 17 pontos.
Em 2012, 18,5 pontos.
Em 2011, 21 pontos.
A queda é vertiginosa, cruel.
Até a dona do futebol neste país está estagnada.
Asfixia o principal esporte do Brasil por causa de sua grade de programação.
A revolução, se um dia vier, será dos patrocinadores.
Estão pagando mais de R$ 1 bilhão para ter cada vez menos.
Por um produto que agoniza em praça pública.
Não adiantou diminuir algumas rodadas dos Estaduais.
O público continua fugindo destes torneios.
Nas arquibancadas como da frente da tevê.
É uma bola de neve.
"Só no Brasil você começa um campeonato assim, o "fantástico" Campeonato Paulista.
Dá vaga para o que mesmo?"
A ironia dolorida foi de Rogério Ceni.
Um dos pouquíssimos jogadores com coragem de criticar esses torneios.
Os clubes recebem das federações determinação para seus atletas.
É proibido reclamar dos estaduais publicamente.
Pura hipocrisia...
O Brasil perde quatro meses com essa tolice chamada estaduais.
Um terço de todo o ano!!!
Compromete a preparação dos clubes grandes para a temporada.
Os atrapalha demais na Libertadores.
Os obriga a jogar em estádios indecentes e vazios.
A contabilidade da arquibancada perde a importância.
E no final das contas só aumenta a dependência do dinheiro da tevê.
Os dirigentes dos grandes clubes já provaram sua covardia e incompetência.
Não têm força para mudar esse calendário idiota.
A revolução tem tudo para começar com quem menos se esperava.
Pelos patrocinadores da Globo.
Basta acordarem.
E perceberem estar desperdiçando dinheiro.
Boa parte de mais de R$ 1 bilhão.
Aí a situação vai mudar...
http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli
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