quarta-feira, 19 de março de 2014

CAMPEONATO PAULISTA, CBF E CASO DE RACISMO - O QUE DISSE O FUTURO MANDATÁRIO DA CBF

por Martín Fernandez

Marco Polo del Nero deve ser aclamado o próximo presidente da CBF, em eleição a ser realizada em 16 de abril. O presidente da Federação Paulista de Futebol está em Zurique para participar de reuniões da Fifa, na condição de integrante do comitê executivo da entidade. Na tarde de terça-feira, Del Nero concedeu a seguinte entrevista a jornalistas brasileiros. 

O sr. estava na Suíça quando o Campeonato Paulista foi motivo de uma nova polêmica. O técnico do Corinthians insinuou que o São Paulo entregou o jogo.
Eu estava aqui, cheguei no domingo. Normalmente o time entra para ganhar, nunca vi um time entrar para perder. Eu tenho certeza que o São Paulo não fez isso e quem falou isso deveria provar. Não se pode falar leviandade dessa sem prova.

O regulamento não permite esse tipo de suposição?
Nós fizemos um regulamento que foi aprovado por todos, uma unanimidade. É o que nós tínhamos. Não dava para fazer 19 rodadas de ida, 19 rodadas de volta.

Há alguma mudança planejada para o ano que vem?
Não muda. Para o ano que vem está mantido. Depois vamos ver. Porque para mudar tem que requerer para o Ministério, ao Conselho do Esporte.

Algum clube reclamou do regulamento?
Não vi ninguém reclamando.

O sr. está pessoalmente satisfeito com o campeonato? Público, audiência, qualidade?
Você não pode estar satisfeito se o público não atingiu ainda o que a gente quer. Você tem que trabalhar muito para fazer isso. Mas o que eu acho é que os clubes podem fazer um pouco mais para ter mais gente nos estádios. Trabalhar junto das torcidas, criar nos espaços ociosos condições de ter o torcedor de outra forma. A gente fez várias experiências. O Bragantino aumentou o público com a promoção das garrafas pets. Mas nós não podemos administrar clube, nós temos que administrar a competição. Eu sei que é difícil para eles, que têm jogos quarta e domingo. Mas eu acho que os departamentos de marketing poderiam ter mais liberdade para poder criar essas possibilidades de levar o torcedor ao estádio. Estamos fazendo alguns jogos em Rio Preto, e o público é bom. Se trabalhar, melhora.

É o caso de haver mais jogos no interior?
Tanto faz. Tem que trabalhar o público. Nas FMs, rádios, jornais, tem que movimentar.

O ingresso não é muito caro?
Mas o clube tem que pagar conta, pagar salário. O torcedor quer espetáculo bom, mas não quer pagar o ingresso? É complicado. Para ver um time bom, tem que pagar um valor considerável no ingresso, e os clubes não têm dinheiro.

O sr. acha que o espetáculo está de acordo com o preço?
Tem que fazer um ajuste. Pode cobrar mais, desde que tenha jogadores mais capacitados, aqueles que a imprensa idolatra. Os atores são importantes. 

Há chance de diminuir o tamanho do estadual no ano que vem?
Vai ser como esse agora, 19 datas.

Como está o caso da Portuguesa? Tem conversado com eles?
Converso sempre com eles. Eles pediram uma antecipação e nós antecipamos. Tudo que nós pudermos fazer pelo clube, nós fazemos, é uma obrigação.

Como é o diálogo? A Portuguesa parece bastante contrariada com a CBF.
Eu não falo o que os outros me falam. A relação é ótima. 

Se entrarem na Justiça comum, o que a CBF faz?
Vai contestar. Não contestou 80 ações? É mais uma. As outras 80 não tiveram sucesso.

E o caso do Betim, que conseguiu na Justiça comum uma vaga na Série C?
Mas não terminou ainda, né? Vamos ver o final. Estamos trabalhando para melhorar tudo isso. Precisa da conscientização de cada um.

A CBF está tentando liberar estádios da Copa para serem usados durante o Brasileiro?
Estamos tentando, o departamento de competições está tentando com o COL. Temos que nos ajustar. Tentar, verificar se é possível; se não, jogar em outro estádio. É a Copa do mundo, o evento mais importante do planeta, temos que ceder um pouquinho, aceitar as normas.

Sua candidatura a presidente da CBF está definida?
Tem que esperar a hora certa.

16 de abril?
Sim, está marcado, 16 de abril. Esperar o momento certo.

Qual é o momento certo?
Final de março.

Já estamos na segunda metade do mês.
Terceiro dia após a metade, quem sabe mais para o final, o presidente dá o start.

Está montada a chapa, com todos os vices?
O presidente está estudando. 

E o cabeça da chapa, está definido? Ou Marin pode ficar mais um pouco?
[Ri] Isso ele já disse várias vezes publicamente que não quer mais. E ele tem cumprido tudo que tem prometido.

O sr. vai se mudar para o Rio?
Risos. Eu acho que é bom você estar perto de onde administra, é bom, sem dúvida nenhuma.

Sua administração pode ser diferente em que?
Nós temos que primeiro dar o start nisso. E aí a gente se manifesta. Vocês são muito ansiosos. Eu também sou, mas a gente tem que aprender a esperar.

Andrés Sanchez declarou que vai voltar ao Corinthians para "quebrar a estrutura do futebol brasileiro". O que o sr. acha disso?
É a opinião dele, cada um pode ter a sua. 

É uma opinião de alguém que foi derrotado?
Não sei, não sei se ele foi derrotado. Sei que para colher, tem que plantar. Querer colher sem plantar? Muito difícil.

O Campeonato Paulista teve um caso de racismo em Mogi Mirim, e o estádio foi fechado. A punição é suficiente? 
Eu acho que a punição serve como exemplo. Não adianta punir escondido, tem que punir abertamente, mostrando que as pessoas foram punidas. Muita gente acha que ofender não é crime. Tem que trabalhar em cima disso, mostrar ao torcedor que não pode. Trabalhar os auto-falantes, avisar "torcedor, não ofenda, isso é crime". É por aí.

E punição esportiva para o clube, perda de pontos etc?
É o seguinte: o clube é responsável pela torcida. Quando ele identifica o torcedor e leva a delegacia, ele resolveu o problema dele. Muito. A tendência dele é 98% ser absolvido. Os clubes não tem sido punidos. É a mesma coisa quando jogam algo no gramado: se o cara é detido, levado para a delegacia, o clube não é punido. Se não fizer nada, aí sim é punido. Tem que falar, falar, explicar, criar essa cultura, quem sabe um dia melhora.

Platini afirmou que não pode haver punição esportiva.
Mas como ele vai fazer? Diminuíram muito os casos de objetos atirados no campo depois que o clube passou a ser punido. Estamos no caminho certo.

E a Conmebol, que não julga o caso Tinga? 

Parece que não tem no relatório do árbitro. Só tem as denúncias da imprensa. Nós pedimos a posição processual, e não tivemos resposta ainda.

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