Por: Cosme Rímoli - Portal R7
Júlio Cesar pagou os pecados de 2010. Salvou o Brasil no Mineirão. Graças a ele, a Seleção derrotou os chilenos nos pênaltis. E segue viva na Copa do Mundo…
A Seleção Brasileira viveu um carrossel de emoções no Mineirão. Dominou e depois foi dominado pelo Chile. Empatou o jogo. Tomou uma bola no travessão no último minuto da prorrogação. Mas conseguiu. Sobreviveu. Venceu o grande time de Sampaoli nos pênaltis.
Nesta batalha, Júlio César se redimiu do que fez na África do Sul. Defendeu duas penalidades. E a vitória suada, desesperada, veio por 3 a 2. O Brasil suou sangue. Mas está nas quartas de final da Copa.
Neymar sentiu a responsabilidade. Como era de se esperar. Um dia, o garoto de 22 anos fraquejaria. Foi hoje. Felipão descobriu na prática o quanto é ruim ter o seu esquema decorado. Tomou uma lição de Sampaoli. Júlio César salvou especialmente os dois...
O Chile jogou como nunca e foi eliminado como sempre...
Luiz Felipe Scolari não teve dúvidas. Deu um chute na incoerência e apostou na escalação de David Luiz. Mesmo com o zagueiro sentindo dores nas costas. O treinador escolheu o caminho contrário do que fez com Hulk. Até porque ele mostrou coragem.
Avisou que não queria ficar de fora. Aceitava o risco de até complicar o seu restante de Mundial. Atitude que Hulk não teve. Felipão ficou feliz com o que ouviu e o confirmou no time.
Além de confiar nele, também deu crédito a Daniel Alves. O lateral do Barcelona, apontado como ponto fraco do time, desceria menos ao ataque. Mas a sua cobertura seria feita por Fernandinho. Paulinho tinha de sair do time. Sem ritmo, estava perdido, sem marcar ou ajudar no ataque. Saiu com toda justiça.
O argentino Sampaoli avisara que chegara a hora de o Chile fazer história no futebol. Por isso repetiu a mesma equipe que enfrentou a Espanha, em uma das grandes vitórias em Copa do Mundo.
Ele sabia que o Brasil iria atacar, tentar encurralar seu time com uma marcação por pressão. O que ele fez? Adiantou a sua primeira linha, para não deixar a Seleção sair com a bola dominada. Era uma solução para começo de jogo. E até que atrapalhou. Tirou um pouco do ímpeto.
Mas aos poucos, os chilenos recuaram. Não tinham saída. E se viu claramente seus três zagueiros, dois alas, dois volantes, Vidal na ligação dos abertos Vargas e Sanchez. Isso com a bola. Sem ela, duas linhas de quatro, com a intenção de travar Neymar.
Felipão sabia disso e escancarou Oscar na direita e Hulk pela esquerda. Mais abertos do que de costume. Se Daniel tinha de ficar, Marcelo estava liberado. A intenção era dar uma blitz com Neymar e Hulk. Explorar o lado direito, um dos pontos fracos chileno.
Era um belo duelo tático. Cada centímetro era disputado com vigor, força até exagerada. Nenhum jogador fugia das divididas. Partida nervosa, tensa, como deveria ser a primeira decisão da Copa do Mundo.
O Chile tinha mais posse de bola, tentava tocar e diminuir o ritmo veloz brasileiro. Tudo estava equilibrado. Até que a estatura chilena pesou. O time é o mais baixo em todo Mundial. Problema crônico andino.
Neymar cobrou escanteio da esquerda, Thiago Silva desviou. E David Luiz imprenssou Jara. O último toque para as redes foi do chileno. Mas o brasileiro comemorou muito. E árbitro Howard Webb deu o gol a David Luiz. 1 a 0 Brasil, aos 18 minutos.
A festa dos jogadores e de Felipão foi emocionante. O jogador que esteve para não entrar em campo havia sido fundamental no gol. O lance que deveria dar tranquilidade ao time. E abater os guerreiros chilenos.
Foi assim. A Seleção viveu seu melhor momento no primeiro tempo. A expectativa era que o segundo gol seria questão de tempo. Até que Hulk colocou tudo a perder. O futebol de tanta teoria caiu por terra em um lateral.
Marcelo cobrou para o atacante brasileiro. Ele devolveu fraco demais, Vargas se antecipou, tocou para Sanchez livre na área. O chute saiu cruzado, indefensável para Júlio César. Gol de pelada. 1 a 1. Aos 31 minutos, os chilenos voltavam ao jogo.
Felipão irritado, sentou no banco. Via tudo se complicar. A partida ficou ainda mais nervosa, tensa. Fred outra vez não produzia. Neymar estava egoísta, querendo resolver a todo custo. Os chilenos mais frios e atentos à lentidão da recomposição da zaga brasileira.
O lado emocional era chileno no início do segundo tempo. Outra vez, a equipe de Sampaoli surpreendia com uma marcação forte na intermediária brasileira. O time de Felipão não sabia como sair. A pressão chilena tirava a confiança.
Neymar outra vez tentava resolver tudo sozinho. Como se quisesse se mostrar para Bruna Marquezine que estava no Mineirão. Fred continuava andando em campo. Felipão deveria apostar em Willian, Jô ou até Parreira não era possível continuar com Fred. O Chile pressionava o Brasil e quase fazia parar o coração da torcida.
Aos nove minutos, Hulk domina um lançamento com a mão e, de joelho, mandou a bola para as redes. Gol anulado corretamente e cartão amarelo para o atacante. O panorama não se alterava. O Brasil preso atrás. Luiz Gustavo deu uma entrada forte em Vidal e tomou o seu segundo cartão amarelo. Estava suspenso.
A torcida se desesperava. Chegou até a cantar o hino nacional tentando animar o time. Mas o problema era tático. Não falta de vontade. Aí os torcedores nada podiam fazer. Fred saiu aos 18 minutos.
Se por cima os chilenos nada faziam, por baixo fizeram uma triangulação espetacular pela esquerda. E obrigou Júlio César à maravilhosa defesa em chute de Aránguiz. O clima já era desesperador. Era o duelo de um time consciente contra um talentoso, mas perdido.
Com o Chile dono do meio de campo, o que restavam eram os chutões. Era torturante o toque de bola da equipe de Sampaioli. Felipão tinha de fazer alguma coisa. Tratou de colocar Ramires no lugar de Fernandinho. Volante por volante. O time continuava nervoso, tento.
Dependeria de um lance isolado. Não do conjunto. E quase veio essa dádiva. Hulk abaixou a cabeça e partiu com a bola dominada. Cruzou. Ela chegou perfeita para Jô. Mas ele teve a coragem de furar, chutar o vazio.
O meio de campo brasileiro não existia. Era um vazio na intermediária de dar dó. Eram só tentativas afoitas de Hulk, Jô. Na força, sem neurônios. Neymar e Oscar estavam travados pelo sistema de Sampaoli.
O Chile foi muito melhor do que o Brasil. Sabia cada passo dos brasileiros. Ganharam as intermediárias. A Seleção foi superada de maneira inapelável taticamente. Faltou apenas poder de conclusão aos comandados pelo argentino. Foi um presente para Felipão a partida ter terminada empatada. Viria a prorrogação.
O Chile perdia já não tinha os neurõnios e a garra de Vidal. Antes de começar a prorrogação, Thiago Silva de joelhos rezando. O capitão brasileiro mostrava como estava o estado emocional do time. A tensão no Mineirão era impressionante.
A prorrogação mostrava dois times extenuados. E sem Vidal, o Chile também já não era o mesmo. O sistema muito bem montado travava o Brasil. Mas já não criava chances de gol. Com Neymar desaparecido, a força física de Hulk era a única arma para mudar o previsível enredo. Saltava aos olhos que os dois times estavam sim contentes com empate.
Para os chilenos era uma façanha chegar à prorrogação. E para os brasileiros, uma dádiva não perder o jogo. Nada de significativo no primeiro tempo. Para os derradeiros minutos, Felipão tirou Oscar. E finalmente colocou Willian.
Esgotados, os chilenos optavam pela catimba. Queriam os pênaltis. O Brasil voltava a ter o controle da bola. Mas não do jogo. Não conseguia criar. E ainda passou por um susto incrível aos 14 minutos quando Pinilla acertou o travessão de Júlio César. O jogo era um passeio no trem-fantasma.
Chegaram os pênaltis...O Brasil começava cobrando.
Primeiro, David Luiz. Gol no canto direito de Bravo. 1 a 0. Pinilla e a cobrança no meio do gol, em cima de Júlio César que, experiente, se adiantou e defendeu. Willian cobrou confiante. Deslocou Bravo, mas chutou para fora. Mais drama!
Foi a vez de Sanchez. E Júlio César caiu para o lado direito. Defendeu... Marcelo cobrou em seguida. Bravo adivinho o canto, mas a bola entrou. 2 a 0, Brasil.
Aranguiz não deixou Júlio César nem aparecer na foto. Chute fortíssimo. 2 a 1. Foi a vez de Hulk cobrar. Bravo mostrou o lado esquerdo. O brasileiro chutou no meio. Bravo defendeu. Inacreditável...
Diaz bateu no meio do gol, deslocou o goleiro brasileiro: 2 a 2. Lá vinha Neymar. Corridinha para o lado e bola na rede pelo lado direito de Bravo. Jara acertou a trave. O Brasil sobrevive na Copa do Mundo.
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