sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

CAIO RANGEL O CRAQUE DO FLAMENGO QUE VEIO DO COMPLEXO DO ALEMÃO

por Camilo Coelho



Grande destaque das categorias de base do Flamengo, titular da seleção brasileira sub-17 e atualmente disputando a Copa São Paulo de Futebol Júnior, o jovem Caio Rangel é apontado por muitos como um dos melhores jogadores da próxima geração de estrelas do futebol brasileiro. O que pouca gente sabe é que ele faz parte de uma geração de ouro do Complexo do Alemão. A comunidade, que durante muitos anos ficou marcada pela violência, revelou para o futebol brasileiro nomes como o atacante Vitinho, ex-Botafogo, que atualmente joga no CSKA, da Rússia. Entram nessa lista também os jovens Eric e Diego, destaques das categorias de base do Botafogo. E muitos outros que a gente não conhece. 

Mas eles nunca jogaram juntos. Para sorte dos adversários. Desde muito jovem, Caio Rangel era convidado para reforçar os times da favela. Mas sempre ouvia a mesma resposta da mãe: não! Dona Nilda resolveu proibir porque não queria ver o filho se machucar fora do clube, ela já sabia que isso poderia atrapalhar a carreira do menino. 

- Eu ficava com medo do Caio se machucar fora do clube e isso gerar algum problema para a carreira dele. Então, sempre pedia para ele não jogar na comunidade. A família é muito importante para esses meninos. Sempre acompanho o meu filho, é muito importante para ele ter a família junto. Conversamos muito no caminho para cada treino. Independente de ser pai, sou amigo dele. O deslumbramento não passa pela nossa cabeça – explica Roberto Silva, mais conhecido como Beto, pai do menino.

O Complexo do Alemão reúne 15 favelas e abriga milhares de moradores. Todo fim de semana tem bola rolando pelo diversos campinhos espalhados por becos e vielas da comunidade.




Caio nasceu em São João de Meriti, mas logo depois a família foi morar no Complexo do Alemão. Juntos, eles viram de perto a violência na comunidade aumentar assustadoramente. Os confrontos entre traficantes e policiais eram quase diários. E dentro de casa a família sofria.

- Tinha muito tiro. Ele ia para o treino e a gente ficava em casa preocupado, muitas vezes a gente pedia até para ele não ir. Já dormimos no corredor de casa com medo dos tiros – lembra Roberto, que há dois anos resolveu se mudar com a família para Jacarepaguá.

Os primeiros dribles do menino no futebol foram no Pavunense. Um amigo da família se impressionou com a habilidade do menino e conseguiu um teste para o time de salão do clube. Na primeira semana o ainda menino Caio jogou muito e impressinou a todos. Em pouco tempo já estava no Olaria, também para jogar futebol de salão. O convite para jogar no Flamengo apareceu depois de uma competição em Rio Bonito, onde ele foi um dos destaques.

- Quando era pequeno achava que ia ser pagodeiro, tocar cavaquinho. Hoje eu quero viver do futebol. Tem muita gente que se perde no caminho, só quer saber de balada, se envolve com más companhias. É preciso ouvir os pais – explica Caio, que aproveitou a oportunidade para mandar uma mensagem a todos os meninos que moram em comunidade e sonham um dia seguir carreira no futebol:

- Quem mora em comunidade também pode realizar seus sonhos. É preciso ter humildade. Os meninos precisam ouvir os conselhos dos pais. Eles sempre sabem mais do que a gente, têm mais experiência com tudo na vida. Com paciência e muita vontade, a gente consegue realizar todos os nossos sonhos.

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