quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

E.C. BAHIA E CÁLCIO INVESTIMENTOS - LIGADAS PELAS FALCATRUAS


Na porta da sala 808, no Edifício Empresarial Costa Andrade, em Salvador, não há qualquer placa ou identificação do negócio que ali funciona. Trata-se da sede da Calcio Esportes e Investimentos, fundada em 15 de abril de 2011. Apesar de ser uma empresa relativamente nova no mercado, a Calcio já ostenta negócios no mundo do futebol que superam a casa do milhão.
O E. C. Bahia anunciou a venda do volante Filipe, promessa de 19 anos, ao grupo do empresário português Jorge Mendes, que agencia as carreiras de Cristiano Ronaldo e José Mourinho. A transação alcançou a cifra de 2,2 milhões de euros (R$ 5,72 mi). O clube ficou com 50% (R$ 2,85 mi) e o empresário Marcos Vinicius, que trouxe o jogador do Cruzeiro para o Fazendão, levou 30% (R$ 1,71 mi). Faltou uma fatia do dinheiro. Esta coube à Calcio, que abocanhou R$ 1,14 milhão, o que corresponde a 20% do jogador. O curioso é a razão pela qual a empresa teve direito a esta parcela da divisão.
Em junho de 2011, o Bahia levou o time sub-21 para disputar o Torneio Angelo Dossena, na Itália. Sem recurso para custear a viagem, como confirma o presidente tricolor Marcelo Guimarães Filho, o clube foi bancado pela então recém-fundada Calcio, cujo dono é André Silva Garcia, delegado da polícia civil.
Em contato por telefone com a reportagem de A TARDE, André Garcia afirmou: “Ficamos com 20% de Filipe por meio de uma permuta (com o Bahia). Financiamos a viagem e recebemos a contrapartida”.
A empresa dele já havia lucrado cerca de R$ 400 mil na venda do meia Maranhão para o Cruz Azul, do México. Segundo o delegado, o valor era referente também a 20% do atleta, que a Calcio conseguiu a partir de outras permutas com o Bahia.
A TARDE apurou que antes de abrir a Calcio, o delegado enfrentava dificuldades financeiras que lhe valeram um processo movido por um banco, em 2010. “Não falo sobre minha vida pessoal”, rebateu André, ao ser questionado sobre o assunto pela reportagem.
Ao criar a Calcio, ele estabeleceu como expectativa de faturamento para 2011 – como forma de ter acesso à linha de crédito de Pessoa Jurídica – R$ 220 mil, cifra em muito ultrapassada após as negociações de Maranhão e Filipe. O delegado ainda viria a tornar-se conselheiro do Bahia, em polêmica substituição de 58 nomes no conselho do clube, em 2011.
EMPRESÁRIOS REVOLTADOS 
Um documento oficial do Bahia, de 2011, em posse do ESPORTE CLUBE, comprova que o clube detinha 70% dos direitos econômicos de Filipe antes do surgimento da Calcio. Segundo denúncias de fontes que pediram anonimato, com medo de represálias, empresários que levam atletas ao Bahia estão revoltados, pois o clube estaria pressionando para que os contratos de parceria com a Calcio sejam assinados, o que o presidente tricolor nega. Por isso, a empresa deteria porcentagens de cerca de 90% dos jogadores da base.
“Temos vários atletas, mas não posso informar quantos por questão estratégica”, limitou-se a dizer o delegado André Garcia à reportagem.
Calcio com 20% de Gabriel - Destaque do tricolor e melhor jogador do Baianão 2012, o meia Gabriel, revelado nas categorias de base do Bahia, mudou de empresário. Deixou de ser agenciado pela Antonius e passou a ter sua carreira administrada por Carlos Leite, mesmo empresário que trouxe para a equipe jogadores como Titi, Carlos Alberto, Souza e Pedro Beda.
No novo contrato de Gabriel, um detalhe chama a atenção: a Calcio passou a ter 20% dos direitos econômicos do atleta.
25/04/2013 - 17h42
MGF vira alvo de denúncia em Brasília

Da Redação

E a pressão só faz aumentar. Na tarde desta quinta-feira, o presidente Marcelo Guimarães Filho se tornou alvo de uma denúncia endereçada ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o mesmo que fez as acusações do julgamento do mensalão, entre outros.

Dois advogados baianos que moram em Brasília, Antonio Rodrigo Machado e Marcus Tonnae Silva, protocolaram às 15h57 na sede do órgão, na capital federal, uma chamada notícia-crime apontando para possíveis crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha cometidos por MGF.
Além dele, também figuram no processo o gestor de futebol Paulo Angioni, o coordenador da divisão de base Newton Mota e o delegado André Garcia, sócio-proprietário da empresa Calcio.
A representação foi registrada como ENV/PGR-00024214/2013.
A peça foi encaminhada à Procuradoria-Geral da República pelo fato de o presidente tricolor ter assumido o cargo de deputado federal, no início deste ano, como suplente do PMDB.

A dupla de advogados pede que Roberto Gurgel investigue o quarteto e estabeleça um inquérito civil para apurar supostos ilícitos envolvendo a atuação da Calcio no clube. Para isso, utiliza reportagens da imprensa local e nacional para indicar os fatos.
Confira alguns dos principais trechos do documento:
"No Esporte Clube Bahia não existem eleições diretas e as regras para associação são nebulosas e tratadas como uma extensão do patrimônio da já abastada Família Guimarães, há quinze anos no comando do clube e envolvida em diversas investigações na Polícia Federal, a exemplo da Operação Jaleco Branco.
A gestão do Presidente do Esporte Clube Bahia se reveste das mais diversas formas de obscurantismo, mas sua ofensa não fica restrita apenas a não participação dos torcedores no processo político interno. Recentemente, a imprensa trouxe a público uma verdadeira rede de interesses financeiros envolvendo jogadores da base do Esporte Clube Bahia através de uma empresa privada: a CALCIO.
O objeto dessa representação são os reais beneficiários das movimentações financeiras da empresa CALCIO ESPORTES E INVESTIMENTOS LTDA ME, inscrita no CNPJ sob o n° 13.543.880/0001-94.
O endereço da empresa em questão coincide com o da OAS Imóveis, de acordo com nota publicada pela própria construtora em 29 de março de 2009 em seu site. O detalhe é que a OAS é um dos principais patrocinadores do E. C. Bahia desde o início da gestão de Marcelo Guimarães Filho e tem mantido uma série de parcerias com o Deputado Federal, noticiado.
A localização idêntica entre os endereços da empresa CALCIO e a maior patrocinadora do Esporte Clube Bahia não é apenas o único indício da prática de atividades obscuras. Uma das características da referida empresa é a ausência de requisitos formais de existência. Em sua sede oficial, não há qualquer placa de identificação ou funcionários que respondam por suas atividades. É uma empresa com sede inexistente e sem atividades explicitamente regulares, conforme reportagens que serão apresentadas.
Outro traço peculiar da CALCIO é o fato de que seu sócio-proprietário, André Silva Garcia, era um ilustre desconhecido no mercado de futebol da Bahia até o ano de 2011. Delegado da Polícia Civil, o dono da CALCIO tem como grandes atributos empresariais o seu posto de conselheiro do E.C. Bahia e a sua estreita relação de amizade com o Deputado Marcelo Guimarães Filho.
As transferências dos meio-campistas Gabriel e Filipe valeram à Calcio mais de R$ 850 mil. A empresa havia sido fundada em 15 de abril do ano anterior com um investimento inicial declarado de R$ 10 mil.
As matérias jornalísticas apresentadas indicam um suposto sistema organizado de utilização da gestão no Esporte Clube Bahia em proveito pessoal. Em tese, a arregimentação de atletas funcionaria assim: 1. Jogadores ainda crianças ou adolescentes chegam ao Esporte Clube Bahia para fazer parte das categorias de base; 2. Os mais promissores seriam encaminhados pela direção comandada pelo Deputado Federal Marcelo Guimarães Filho para a empresa CALCIO, que passaria a deter uma alta percentagem sobre os direitos econômicos/federativos dos jogadores; 3. Com a venda das promessas, o percentual devido a CALCIO seria repartido entre os “sócios” não formais da empresa.
De acordo com as notícias apresentadas, o parlamentar estaria se utilizando do cargo de presidente do E. C. Bahia para ter acesso privilegiado aos direitos econômicos dos jogadores em início de carreira e, em tese, fechar ótimos contratos com uma empresa criada para gerenciar os seus interesses privados.
As ações trazidas à superfície em virtude da investigação traduzem uma suposta utilização de artificio destinado à obtenção de vantagem financeira indevida em prejuízo dos associados do clube e mediante atuação no cargo de Presidente do E. C. Bahia.
Além disso, há indícios de que houve informação inexata de operações e o recebimento de dividendos sem o recolhimento dos tributos devidos pela empresa CALCIO, com possível prejuízo ao erário.
Por fim, as reportagens sugerem a dissimulação da natureza, origem e movimentação dos valores provenientes da transferência de percentuais dos direitos federativos/econômicos de atletas do E. C. Bahia à empresa CALCIO."

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